Este blog é sobre livros.
Em algum momento, invariavelmente, ele será também um blog sobre literatura – quando eu fizer comentários sobre a história de um livro, algum personagem, ou como tal enredo me provocou a pensar sobre determinado assunto. Enfim, quando a análise for do conteúdo.
Mas por enquanto, o que eu quero é escrever sobre o objeto-livro. Esse aglomerado de páginas impressas, de diversos tamanhos e formatos, que ocupa um espaço considerável nos lugares por onde circulo.
No fundo, esse blog é um exercício de auto-conhecimento.
Uma amiga definiu isso de uma forma que eu não conseguiria fazer melhor: “o que é a história de um objeto, senão a história do valor e do sentido que atribuímos a ele? Conhecer a história de uma coisa, de um livro por exemplo, é uma forma dialética de conhecendo o "outro", conhecermos nós mesmos.”
Assim, entendo que minha relação com livros é um reflexo das escolhas que tenho feito. Ao pensar sobre eles, estou na verdade usando-os para pensar sobre mim. Eles são o meio que, nesse espaço, utilizo para refletir sobre a vida. A partir deles pensar: "por que?"
Entendam: o objetivo não é fazer um diário e chorar as mágoas, como preveniram nos comentários. É pensar o caminho se faz ao escolher esta ou aquela opção.
Entendam: o objetivo não é fazer um diário e chorar as mágoas, como preveniram nos comentários. É pensar o caminho se faz ao escolher esta ou aquela opção.
Acontece que mesmo nessas horas, estou sempre acompanhada – por um bom livro, claro.
Querida Lorena. Muito gentil a sua citação, obrigada. A ideia não é originalmente minha. Assisti uma aula da pós-graduação sobre a Teoria crítica e a literatura. Ocorre que, dado a influência que a teoria crítica recebe de Hegel e consequentemente da lógica dialética, esse filósofo considera que qualquer análise que façamos de um "objeto" é ao mesmo tempo uma análise do seu contexto, historicidade, mas também da relação que o mesmo tem com o "sujeito". Mais especificamente: "objeto" e "sujeito" não são independentes um do outro, como, por exemplo, na tradição empirista, em que se tinha a consideração de que aquele que conhece (sujeito) vê, apreende o objeto, que é o outro, independente dele mesmo. Desde à tradição kantiana, afirmou-se que é impossível afirmar qualquer coisa sobre o objeto independente do sujeito, pois quando observamos uma coisa, ou tentamos conhecê-la, já utilizamos para isso nosso aparelhamento cognitivo o que, pelo menos em parte, define aquilo que o objeto é para nós. Bom, Hegel estava preocupado em mostrar que além da relação constante entre sujeito e objeto, ambos variam historicamente. Desse modo, a metodologia de investigação deveria abarcar um objeto em movimento, por isso a metodologia que ele considera a mais interessante é a dialética. Então, essa discussão tem tudo a ver com o seu blog e com a sua atividade de historiadora, não acha? Abraço.
ResponderExcluirTem a opção "curtir" para o comentário acima? Ótima reflexão!
ResponderExcluirLô, é que quando penso em "livros", não consigo abstrair de seu conteúdo. Não consigo pensar no livro como, sei lá, um vaso... a relação que temos com esse objeto está estritamente ligada ao que ele nos trás ou "nos dá" - como diria o Julio - após a leitura. E é a experiência da leitura que nos leva a uma livraria ou nos faz desejar um livro... sei lá. Acho que não consigo me expressar tão bem em relação a esse assunto. Fico no aguardo de novos posts, que estimulem mais reflexões como o comentário acima! Beijão! Mi