sexta-feira, 3 de junho de 2011

Caminhos e Percursos

Tenho pensado muito nos caminhos que os livros percorrem. Por onde cada exemplar passa, a história que ao longo do tempo ele acumula. Desde sua impressão, venda, tudo que acontece com um livro ao longo de sua existência – sim, porque como todas as coisas, eles também são perecíveis.

Também ando refletindo sobre o lugar dos leitores nesse "tempo de vida" literário.

“Caminho” dá uma ideia de direção inicial-final: o caminho entre minha casa e a USP –  a(s) rota(s) que devo seguir para chegar ao meu destino. Já “Percurso” tem a ver com o ato do deslocamento: no percurso até a USP, passo pelo Arquivo Geral da Universidade.
Ambos me lembram Guimarães Rosa: “O real não está na saída nem na chegada: ele se põe pra a gente é no meio da travessia”.

Os leitores são parte da história de um livro. Eles explicam até mesmo sua existência.
Um dia cheguei à faculdade e um amigo me propôs: “vai fazer alguma coisa nas próximas horas?” Junto com outra amiga (não, não foi um menàge à trois) passamos a tarde retirando exemplares da biblioteca que continham anotações de cunho próprio, na última página, de um antigo professor. Essas observações manuscritas ajudaram-no em sua pesquisa.
Eu me pergunto: o que seriam, se não vestígios de quem leu aqueles livros?

Essa semana ganhei duas caixas de livros. Foram da mãe de uma amiga que faleceu recentemente. Era professora de História, especialista em História da Arte. Pela carga simbólica que representam, seria difícil conviver com eles. São livros sobre vários assuntos, a maioria com observações pessoais, e até mesmo dedicatórias.

As caixas continham livros didáticos, que infelizmente não me serão úteis; a coleção “Mestres da Pintura” e “Grandes Civilizações”, que viajarão em breve. E aquela que agora enfeita minha estante: a História Geral da Civilização Brasileira.

No total são 11 volumes, dos quais agora possuo 9. Nas caixas estavam do 3º ao 9º (sem o 8º). Curiosamente, há alguns meses ganhei de uma pessoa muito querida o 1º e 2º volumes. Assim, minha coleção semi-completa foi feita de doações de diferentes pessoas, por diferentes motivos. E mesmo que de uma maneira tortuosa, esses exemplares agora se encontram reunidos.

O que mostra que o destino sabe ser capcioso, até mesmo com os livros.

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