Ando refletindo bastante sobre quanto tempo as pessoas gastam para ler um livro. Eu admito que sou uma leitora voraz: quando pego um que gosto, leio bem rápido. Mas tentando fazer um balanço de 2012 através dos livros que li, me dei conta disso: eu li pouco. Ou pelo menos acho que li menos do que deveria.
É claro que o meu pouco (2 livros por mês) comparado à média nacional (4 livros por ano) ainda é muito. Mas o que isso de fato significa? De onde vem essa cobrança de ler muito? E talvez, o mais importante: quem disse que a gente tem que ler depressa?
Um dos seres humanos do sexo masculino que mais admiro lê pouco. E ultimamente, convivendo com outro ser do mesmo gênero e espécie, que também lê devagar, me peguei pensando nisso: ler muito (e rápido) é uma qualidade? Se sim, as pessoas que têm outro ritmo de leitura, ou mesmo que gostam de apreciar um livro vagarosamente, estão erradas?
No fundo, essa reflexão é sobre as qualidades que admiramos nas pessoas. Por que ser um bom leitor se tornou algo positivo para mim? Até que ponto essa capacidade de ler (muito, rápido, intensamente) influencia no conceito que eu formo sobre alguém? Foi pensando nisso que lembrei do meu pai, o ser humano do sexo masculino que mais admiro do parágrafo anterior: uma pessoa cujas qualidades são tantas, que a “ausência” de leitura em nada influencia.
Sim, é claro que eu já o vi lendo inúmeras vezes. Mas não com a mesma ânsia ou vontade que eu e minha mãe temos. É uma relação diferente a dele com os livros: menos ansiosa, mais contemplativa. Eu diria até, em alguns momentos, mais sonolenta mesmo – sempre que resolve ler antes de dormir, diz que as letras dos livros estão ficando cada vez menores...
Mas se não lê com tanta frequência, por outro lado ouve muito bem. Sabe explicar meu tema de mestrado melhor do que eu! Escuta sempre a gente falando desse ou daquele autor, e tem muita paciência para ouvir uma crônica de jornal lida em voz alta no domingo de manhã. Pode até não ser um grande leitor – seja lá o que isso significa. Mas não quer dizer que não goste de livros ou de leitura.
Talvez a saída seja sempre essa: aceitar as diferenças e aprender a conviver com elas. E sobretudo, admirar as pessoas pelas inúmeras qualidade que elas têm, e não pelas poucas coisas que não são comuns entre a gente. O tal indivíduo do mesmo gênero e espécie do 3º parágrafo, é mesmo assim: fala pouco, ouve muito, e tem bastante paciência comigo, meus livros e minhas (eternas) leituras. De vez em quando me surpreende e resolve fazer companhia lendo também. Mas logo já fala que as letras estão ficando pequenininhas...
Ler rápido e muito pode ser uma qualidade necessária à quem trabalha em áreas que demandam essa habilidade. Em outras áreas, saber falar pode ser mais importante, lidar com tecnologias pode ser mais útil. Mas uma vez alfabetizados, nos tornamos (todos) leitores. E é isso que importa: o ato de ler, e não sua velocidade.